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Volkswagen Gol 1.0 ganha fôlego para enfrentar rivais

Por iG São Paulo (Fotos: Divulgação) |

Mais equipado, com novo motor e mais barato, hatch mostra porque foi líder por tantos anos

Por Nicolas Tavares
Fonte:carros.ig.com.br/

São tempos difíceis para a Volkswagen. Em pouco mais de um ano, o Gol deixou de ser o carro mais vendido do país para ocupar a décima colocação, abaixo até mesmo de modelos mais caros, como Jeep Renegade e Honda HR-V. Quando a situação aperta, a solução é inovar para reconquistar os clientes e ganhar relevância. Foi com essa filosofia que a marca alemã se esforçou para renovar o Gol e seu irmão, o sedã Voyage.

As linhas mudaram pouco por não ser o foco da renovação dos modelos. Quem olha para oGol de frente precisa prestar atenção para perceber que a grade no capô está mais larga e o para-choque tem um novo desenho, com luzes de neblina redondos. A traseira chama mais atenção com vincos mais salientes. Esse traço deixa o compacto com uma aparência musculosa, ainda mais combinados com as lanternas, maiores em relação ao modelo anterior.

Volkswagen Gol
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Volkswagen Gol

Igual, mas diferente

A melhor parte da reestilização está no interior do Gol. O novo painel dá um aspecto deGolf para o compacto, simples e, ao mesmo tempo, refinado. Foi do hatch médio daVW que veio o novo volante, mais agradável, menor e com pegada esportiva. A versão mais básica tem apenas um tom de cor e ainda assim dá uma aparência acima do segmento. Considero muito mais bonito e resolvido do que seus rivais, tanto no design quanto no acabamento. Fica ainda mais belo com o acabamento na cor azul, o que adiciona uma faixa no painel e detalhes nos bancos.

Os esforços da VW foram voltados para a interatividade e o novo motor 1.0. O antigo EA111, de quatro cilindros, e oito válvulas, foi aposentado, para dar espaço ao EA211, de três cilindros, o mesmo usado no Up! e no Fox Bluemotion. Com etanol, rende 82 cv e 10,4 kgfm de torque com etanol, 6 cv a mais do que o EA111. O sistema E-Flex elimina o tanquinho para partida a frio.

Acelerei o Gol em uma viagem de São Paulo até Itu (SP). Na pista, a diferença entre os motores é aparente. A VW diz que o Gol leva 12,3 segundos para ir de 0 a 100 km/h, 0,9 s a menos do que com o motor anterior. A velocidade máxima foi de 163 km/h para 170 km/h. O número real não deve estar longe disso. O hatch acelera com empolgação até os 90 km/h e lembra muito a agilidade do Up!, ainda que seja mais pesado. O torque máximo está disponível entre 3.000 e 3.800 rpm, deixando as retomadas mais ágeis, principalmente até quarta marcha.

Para quem vai circular na cidade, o Gol mostra uma das melhores dinâmicas do segmento. A suspensão é mais dura do que seus rivais, o que proporciona uma experiência mais esportiva e afiada. Em contrapartida, pode ser mais desconfortável em piso mal conservado. O conhecido câmbio manual MQ200, de cinco marchas, tem engates curtos e precisos e, combinado com o novo motor, deixa o hatch ainda mais ágil e agradável de dirigir.

Andar na estrada é um pouco mais complicado. O motor perde fôlego acima dos 100 km/h e a aceleração fica mais fraca. Qualquer retomada ou tentativa de ultrapassagem requer reduzir a marcha. Na subida isso fica mais aparente, obrigando o motorista a sempre tentar trabalhar na faixa ideal de torque.

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Interatividade em alta

Conectividade foi o outro foco da VW com o novo Gol. O Composition Touch utiliza uma tela sensível ao toque de cinco polegadas com integração aos celulares com sistema Android. Através do MirrorLink, a imagem do celular é espelhada na tela. Quem usa iPhone terá que pagar um pouco mais por um upgrade para o sistema Discovery Media, com tela de 6,3”, sensor de proximidade, navegação por voz e visualizador de SMS.

Se, assim como eu, você é um usuário do Waze, não vai gostar de saber que não há integração com o carro. Política interna da VW, de não incentivar uso de aplicativos que envolvam muita interação – e o Waze é uma combinação de GPS com rede social.

Uma sacada de mestre da VW foi a adição de um suporte para celular no painel, que pode ser comprado como adicional nas versões mais baratas. O acessório conta com uma entrada USB na base, para carregar o aparelho, e pode girar o celular livremente.

Volkswagen Gol
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Volkswagen Gol

Mais atraente para o bolso

O novo motor e mais conectividade podem até chamar a atenção, mas o que realmente importa é o preço. A VW sabe que o país está em um momento ruim economicamente e que, mais do que nunca, seus clientes querem economizar.

Quem quiser pagar o mínimo possível pelo Gol vai encontrar o 1.0 Trendline por R$ 34.890. É o pé-de-boi, sem ar condicionado (opcional de R$ 2.800), mas agora equipado com direção hidráulica, vidros dianteiros elétricos e travamento central. A VW diz que 90% dos clientes compram o Trendline com ar condicionado e outros opcionais. Os outros 10% são para satisfazer quem compra o carro para frota, como empresas e organizações governamentais. A versão 1.6 custa R$ 40.190.

Logo acima está a Comfortline, por R$ 42.690, adiciona ar condicionado, faróis de neblina, rodas 15” de aço com calotas e pneus 195/55 R15, e o sistema Media Plus, que combina rádio Da versão Comfortline (ou no Trendline como opcional), o hatch conta com o sistema Media de infotainment, com rádio com entrada para USB e SD Card, conexão Bluetooth, CD Player e preparação para volante multifuncional e sensor de estacionamento. A versão Highline, apenas com motor 1.6, custa R$ 51.990 com câmbio manual de cinco marchas e R$ 55.290 com a transmissão automatizada I-Motion. Adiciona volante multifuncional em couro, rodas 15” de liga leve, chave canivete, abertura elétrica do porta-malas e, principalmente, o sistema multimídia Composition Touch.

Quadro mostra preços dos principais rivais do Gol com ar condicionado e central multimídia
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Quadro mostra preços dos principais rivais do Gol com ar condicionado e central multimídia

Na apresentação, compararam o preço do Gol Trendline 1.0, equipado com ar condicionado e sistema multimídia Composition Touch, custa R$ 39.445. Ainda assim, é mais barato do que Fiat Palio, Chevrolet Onix, Hyundai HB20 e Ford Ka, todos com os mesmos equipamentos. É uma boa notícia, principalmente para quem já estava de olho em um carro da Volkswagen, mas achava que o up! pequeno demais para suas necessidades.

A estratégia não é a ideal. Já passou da hora do Gol trocar de geração, para que realmente possa se chamado de “novo”. Enquanto ela não vem, a VW se vira como pode e mostra estar confiante que o Gol vai continuar na memória do brasileiro por muitos anos, ocupando lugar de destaque. E, olhando a dedicação que tiveram na hora de renovar novamente o compacto, eu acredito.